Funcionária do HRP-Unicamp, Idaci Alves de Almeida Souza, tem cinco filhos biológicos, um do coração e mais dois agregados, além de história digna de super-heroína da vida real

A primeira impressão que se tem ao conhecer Idaci Alves de Almeida Souza, 52 anos, natural da Bahia, repousa na sensação frívola dela ser uma mulher privilegiada pela jornada da vida. Esbanjando felicidade, disposição, eloquência, alto-astral e muita diversão, a baiana não esconde que é arretada. Bastam apenas mais dois dedinhos de prosa para descobrir a mulher gigante que se hospeda no 1,57 metro de altura da Idaci. A heroína da vida real exibe números superlativos quando o assunto é a maternidade: cinco filhos biológicos e mais um do corações e dois agregados. Só pela quantidade, a ousadia já domina o cenário. Adicione percalços possíveis na vida, como problemas de saúde, e a heroína se agiganta ainda mais, se transformando em uma super-heroína. Acha exagero? Então, acompanhe um pouquinho da trajetória da colaboradora do Setor de Higiene do Hospital Regional de Piracicaba (HRP-Unicamp).

Nascida em 1971 em Carinhanha, cidade baiana com 29 mil habitantes, Idaci cursou Magistério, mas acabou não atuando na sala de aula porque se casou logo que completou 18 anos de idade. Após três anos de matrimônio e sem adotar nenhum método de anticoncepção, ela não engravidou. “Hoje entendo que essa demora em ‘pegar barriga’ foi dada por Deus para me preparar para o que viria pela frente. Fiquei com medo de não ter filhos e isso fez com que aumentasse o meu desejo de ser mãe”. Porém, foi apenas uma demora e mesmo sem nenhum tratamento nem consulta médica, Idaci engravidou aos 20 anos de sua primogênita: Suzy.

“Adorei ser mãe e me animei. Aos 21 anos tive o Dacio Jr., aos 23 a Bruna, aos 24 o Allan e aos 26, Luiz Henrique. Foi quando um médico de São Paulo me disse que eu já tinha colaborado bastante para a humanidade e me perguntou se eu não queria fazer laqueadura. Topei na hora”, revela a colaboradora do HRP-Unicamp, que desconhecia que o destino ainda iria lhe oferecer outras chances de exercer a plenitude da maternidade.

Se a maternidade estava indo às mil maravilhas, o casamento com o pai de seus cinco filhos dava sinais de desgaste. A separação foi inevitável, mas a iluminada Idaci não ficaria muito tempo sem um novo amor. Com a ‘tropinha’ já crescidinha, ela se casou novamente com Alexsandro Alves de Almeida Souza, em 2015 na cidade de São Paulo, onde morou por 26 anos antes de vir para Piracicaba. A segurança, o clima quente e o povo hospitaleiro de Piracicaba conquistaram a família Almeida Souza há três anos.

Vivendo com o novo marido, que não tinha filhos de outros relacionamentos, Idaci viu renascer a vontade de ter mais um filho e constituir um novo núcleo familiar com o amado dela. Enquanto amadurecia a ideia de adoção de uma criança, sua filha Bruna, que estava grávida do terceiro filho, se separou do marido e enfrentou uma depressão severa.

Nesse contexto, Bruna decidiu que não tinha condições de criar o terceiro filho, já que sua jornada incluía um diagnóstico de autismo nos dois primeiros filhos, Gabriel e Miguel. “Foi mais um presente que Deus reservou para mim. Adotei o Phedro, que biologicamente é meu neto, mas na realidade é meu filho. Ele tem 6 anos e é lindo”, afirmou a mamãe coruja.

Embora a saga da super-heroína já tenha elementos suficientes para gerar um filme de histórias e dramas reais, a linha do destino ainda testaria a força dessa guerreira. Bruna foi diagnosticada com algumas doenças graves e crônicas que a levaram a uma internação hospitalar de mais de um ano. E foi nesse período que Idaci agregou mais dois filhos: Gabriel e Miguel. “Eles não são meus de papel passado, mas os trato como meus filhos. Bruna teve alta há dois meses, mas ainda está acamada e se recuperando. Vou cuidar deles até quando ele realmente estiver bem e com saúde”, avisa a super-heroína.

Tanta dedicação e adversidades na vida privada não refletem na vida profissional de Idaci. “Nunca faltou um dia do trabalho. Nunca chegou aqui desanimada ou reclamando. É um exemplo de profissional e de ser humano. Tem uma vivência que poucos têm”, garante Thays Helena Cremonesi Garcia, a líder do Setor de Higiene do HRP-Unicamp, um time que congrega 52 colaboradores.

Idaci nem pensa em parar de trabalhar nem dentro nem fora de casa. Com um currículo que inclui atividades aulas na roça,de babá, ajudante geral, auxiliar de limpeza e empregada doméstica, ela sonha em fazer um curso técnico de Enfermagem e se dedicar ao voluntariado. Mas, nenhum sonho material como um carro, uma viagem ou um dia de rainha? “Queria poder passar um dia inteiro com meu marido, meus filhos e meus netos em um clube com piscina, quadras de esportes e comida boa à vontade. Não penso em luxo, mas em lazer sem preocupação financeira e com muita segurança e diversão para minha família”, responde a mulher, mãe e, sem dúvida alguma, uma super-heroína da vida real.